quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Digest - Previsões 2008

As previsões de John Battelle já são algo tradicional para quem acompanha o mercado de buscas na internet e de mídia digital, e ele melhora a cada ano: das quatorze feitas para 2007, dez estavam corretas. Vale a pena conferir integralmente as previsões de 2008. Há uma para cada um dos grandes players do mercado.

As principais tendências mencionadas pelo oráculo são as seguintes:

1 - No mundo da Web 2.0, os muitos players que receberam venture capital em 2005/2006 e não decolaram até agora sairão do mercado como resultado de uma filtragem natural. Em outras palavras, se deu certo, ótimo, se não deu, fica pra Web3. Curioso que, nas previsões para 2007, ele acertou que haveria alguma agitação em torno do possível estouro de uma bolha, coisa que não passaria de esforço imaginativo. Essa saída do mercado dos players cujo desempenho não se demonstrou razoável não tem nada a ver com uma eventual bolha - é um processo normal e saudável, nas palavras do próprio Battelle.
  • O melhor artigo que li em 2007 sobre uma suposta bolha é este, publicado no Bits do New York Times.
  • Carlota Perez, autora de Technological Revolutions and Financial Capital: The Dynamics of Bubbles and Golden Ages, dá uma geral no assunto aqui.
2 - O modelo de plataformas e aplicativos fechados e escolhidos previamente pelos fabricantes no mercado de mobile technology, segundo Battelle, vai perder força em 2008, e 2009 será o ano em que veremos uma real possibilidade de desenvolvimento econômico para a internet móvel. Entretanto, Battelle não coloca muitas fichas no Open Handset Alliance.
  • Um artigo interessante do Jonathan Zittrain, publicado na Harvard Business Review identifica nessa abertura, que sempre existiu para o PC (o PC é um dispositivo "multi-purpose"), o verdadeiro fundamento da criatividade que formou aquilo que, hoje, conhecemos como Internet. Nos nossos PDAs, celulares e afins de hoje, o usuário médio só faz aquilo que a fabricante e a operadora o deixam fazer, e Zittrain entende que a derrota desse modelo fechado trará mais coisas novas para a Internet. John Battelle diz que isso é o que gerará a possibilidade de uma economia fundada em internet móvel.
3 - As grandes aquisições de 2006 e 2007 relacionadas ao modelo de publicidade na internet (e.g. Google/Doubleclick, Microsoft/Aquantive, Yahoo/Rightmedia) terão que produzir resultado em 2008. Isso causará uma tensão extra que reduzirá o apetite para aquisição de novas empresas, fazendo com que as compradoras mantenham seu foco no que já está no seu prato. (eu não acredito muito nesta previsão do Battelle....).
4 - Este será o ano em que o "Conversational Marketing" se tornará definitivamente uma nova forma de publicidade e, até o final do ano, o marketing que adiciona valor à vida do consumidor será uma necessidade, e não mais um experimento. Isto será uma aplicação da revolução do mercado de buscas ao o campo do marketing. Em outras palavras, a idéia de promover seu produto de uma maneira top-down (grande instituição vs. pequeno consumidor) será definitivamente derrotada em 2008.
  • Recomendo o site e as apresentações do Martin Lindstrom pra quem se interessa pelo assunto; um artigo da Wired sobre crowdsourcing, embora não tenha relação com marketing ou publicidade, dá um panorama sobre uma mudança profunda na forma de produção de conteúdos na Internet - o que, penso, tem tudo a ver com o modelo de long tail e com o fato de que o top-down não funciona mais como antes.
5 - O mercado de publicidade na Internet terá ganhos significativos em 2008 apesar das previsões negativas, mas apenas para as companhias que demonstrem a existência de uma estratégia sólida, recompensando a inovação nesse campo. Isso significa, para Battelle, que não será um ano de grandes IPOs, já que quem não tem essa solidez de estratégia (leia-se: qualquer um dos newbes) deverá ser punido pelo mercado mais amadurecido em 2008.